terça-feira, 23 de dezembro de 2008

11º DIA - 14/07/2008 - 09:13 - SAÍDA - RIO GRANDE - SEGUNDA-FEIRA

Hodômetro: 48.273 km.
Rio Grande: Federico Ibarra Hotel
Ushuaia: Paisaje Del Beagle
Quilometragem feita de Rio Grande a Ushuaia: 48.500 - 48.273 = 227 km

De Curitiba a Ushuaia: 48.500 - 42.919 = 5.581 km

Acordamos às 07h. Fomos tomar banho. Daqui a pouco vamos tomar café, organizar as coisas e zarpar. Fui pegar água; no corredor tem um bebedouro com água quente e fria. A Mehl tinha ido pegar ontem e falou que a água quente não era quente, era morninha, quase natural. Hoje fui conferir e quase pelei o dedo. É fervente.
Tomamos café no 1º andar e depois descemos para poder entrar na Internet. Vimos o hotel no Ushuaia, pois reservamos só até Puerto Madryn, e já decidimos. São 09h00 e estamos descendo com a bagagem. O João está fazendo o check-out e pagando.
São 09:13 agora e estamos dentro do carro. O João teve que passar spray no vidro para descongelar. Vamos procurar um posto para abastecer e limpar os vidros, principalmente os de trás. Marquei o nome de um hotel (Hotel Villa, na San Martin) para a volta, em frente ao Hotel Cassino.
09:19 e –2ºC (gelado, brrrr!!!) em Rio Grande e agora é que o sol está tentando (veja bem, tentando) furar a barreira da escuridão. Estamos no posto; o João comprou anticongelante para colocar no reservatório. O frentista está lavando os vidros. Lavou o da frente, os laterais e, coitado, o de trás. A Mehl falou: "Ele levou até o balde, tia, para poder lavar". É... só com a esponjinha ele não ia conseguir. Está imundo. Não, imundo é eufemismo. Nem sei que adjetivo dar. Como diz a Mehl, o cara que for lavar o carro tem que ganhar uma boa gorjeta. E como diz ela, ainda, agora sim, até clareou dentro do carro. A Mehl bateu uma foto do nascer do sol, espetacular, às 09h40. E desde às 09h40 estamos tentando sair da cidade, e pra variar ninguém sabe dar informações. Perguntamos para uma mulher, mas pelo jeito ela não é da cidade, onde ficava a Rota 3, em direção ao Ushuaia. Ela falou que o Ushuaia "ficava a dois mil e pico km". Só nós sabemos que fica a 220 km de Rio Grande? Voltamos ao posto onde abastecemos e perguntamos ao frentista. Este sim, respondeu o que queríamos saber. Agora vamos. Estamos na rota certa.
Passamos por Tolhuim às 11:18. Os picos das montanhas estão cobertos de neve. Como é lindo ver ao vivo e à cores!!! Acho que é a Cordilheira Foguina.
Paramos no "Paso Garibaldi", um mirante, para tirar xerox, não, Simone, foto! Que mania! Muito bonito. Mas um frio de congelar o sangue. Não tinha ninguém ali, só nós. Tinha uma escada, com corrimão, para dar acesso ao mirante. Cobertinha de gelo!! Subimos segurando no corrimão. E pra descer? Bem devagarinho, um pé, depois outro, em câmera lenta, pra não escorregar e chegar com a bunda molhada e alguma coisa quebrada. Até aí tudo bem, normal. E pra sair com o carro? Quem disse que conseguimos? Desci para empurrar, mas tanto o carro quanto eu patinávamos no gelo. Acho que se o João conseguisse tirar o carro dali, eu daria com a cara no chão. Aí fui eu pra dentro do carro e o João, tentando empurrar. Bem nessa hora a Providência Divina entrou em ação, de novo! Não é que apareceram dois carros? Um com um casal de turista, o outro, uma van que estava vindo do Ushuaia com turistas, também. Graças a Deus!! Eles já se prontificaram a ajudar. O motorista da van perguntou se podia entrar no carro e dirigir, ou se ele me ensinava e eu tentava tirar. Mas na mesma hora eu pulei do carro e disse que ele ficasse à vontade! Pois ele entrou e tchan- tchan- tchan- tchan! Tirou o carro como o rei Arthur tirou a espada da pedra. O João dizia: Ah! Ele vai ter que me ensinar como fazer isso!!" E ensinou mesmo. Tira o pé da embreagem bem devagarinho e não acelera, o carro sai do lugar sem esforço nenhum. O João, então, foi fazer. Ehh! Conseguiu! Agora ninguém pode com ele. Está todo orgulhoso que conseguiu fazer de primeira.
Às 12:54 entramos na cidade de Ushuaia. É muito bonita! Aquela cordilheira faz um contraste com o mar, de tirar de o fôlego! A gente entra pela parte alta da cidade e vai descendo as ruazinhas (que são um perigo por causa do gelo). Às 14h00 paramos na frente do Hotel Paisaje Del Beagle. Levamos uma hora para achar o hotel. Perguntamos para um senhor o nome da rua do hotel, e ele ensinou direitinho onde é. Está vendo como o povo daqui entende o que perguntamos? Alguns é que têm má vontade, ou são burros mesmo. Aí, começa aquela velha história: falamos que queremos um quarto triplo, e o dono da pousada diz que sim e com cama de casal! Coitado! Ele nem sabe que pra nós tanto faz. Ficamos no quarto nº 5. Eu e a Mehl na cama de casal e o João na cama de solteiro. Tiramos as malas do carro, outra vez (ainda bem que é por três dias), subimos uma escada de uns 15 degraus. Pra variar, o João não pode ficar sem se conectar. Ficamos uns 20 minutos esperando que ele mandasse um e-mail. Então fomos almoçar no Turco Restaurante. O dono do hotel nos ensinou o caminho para o restaurante. Quase em frente ao hotel tem uma escadaria que dá numa ruazinha, viramos à esquerda, só tomando o devido cuidado para não escorregar por causa do gelo que cobre a rua (a rua, a calçada, o meio-fio, as casas, tudo é coberto pelo gelo). Quando dobramos à direita na próxima rua, que é uma ladeira, a Mehl dá um escorregão, o João volta-se para olhar e acaba escorregando, também. Só eu não escorreguei. Falei para eles que eles têm que andar como se tivessem pisando em ovos, bem devagarinho, com cuidado. Na próxima rua viramos à direita, novamente, é a Av. San Martin, do outro lado da rua fica o Turco Restaurante. Comemos bem e bastante (o João: bife com purê de batatas e um pouco de salada de tometa e cebola; eu: bife com fritas e salada e a Mehl: bife a parmegiana (aqui é napolitana) com fritas. Eu achei engraçado a maneira de servir aqui: a mesa é colocada com pratos, talheres e copos. Quando chega a comida, eles tiram os pratos e colocam o prato feito na tua frente. Não é servido em travessas, como no Brasil, onde você se serve da quantidade que quer. E não é um pratinho pequeno, não! Um prato desses serve duas pessoas, bem servidas!
Depois, pra fazer a digestão de tudo isso, fomos dar uma volta na Av. San Martin, a avenida principal da cidade. Nós parecíamos turistas, mesmo. Eu, com aquele casacão de pele, gorro enfiado até o queixo, quase, luvas, cachecol... devia estar uma figura. Mas, nem liguei. O frio é de matar aqui. Eu é que não ia passar frio. Ainda bem que, na última hora, resolvi colocar o meu casaco de pele na mala, senão, ou eu passaria frio ou teria que comprar um bom casaco pra mim. A Mehl só levou um casaco tipo feltro e blusinha finas, que não dariam pra esquentar nem no frio de Curitiba. Acabei emprestando o meu casacão preto pra ela. Foi a salvação! Bem compramos algumas coisinhas, pois não eram todas as lojas que estavam abertas (a tal da siesta, de novo) passeamos mais um pouco e agora estamos no hotel (são 17:15). O João está falando com o Bernardo. Daqui a pouco acho que vamos passear de carro.
Saímos com o dono da pousada (Sr. Jorge) para ver onde vamos lavar o carro. O João não queria lavar o carro, de jeito nenhum! Falei pra ele que não ia ter roupa que chegasse, cada vez que entrássemos ou saíssemos do carro, pois sem querer acabávamos nos esfregando na porta do carro. Até do lado de dentro o carro estava imundo, imagina do lado de fora! Aí ele aceitou. Fomos em um que cobrava $50,00 para lavar só por fora. Só que tínhamos que voltar às 20h00, porque eles estavam lotados. O dono da pousada achou caro, e nos levou em outro, que cobrava $20,00, mas era o João quem tinha que lavar. Ficamos de resolver, enquanto íamos ao porto ver o horário de saída do passeio de barco. Nesse meio tempo, resolvemos que seria melhor pagar $50,00 para eles lavarem, do que $20,00. Eu já imaginei a cena do João lavando o carro, com aquela água gelada, e ficando todo sujo e molhado. Eu ia gastar mais em lavanderia e remédios, do que os $50,00 que o outro lava-car (lavadero) pedira. Então, chegamos ao porto e vimos que o horário é às 15h30. Amanhã de manhã, voltaremos ao porto, compraremos as passagens, e até a hora de embarcar vamos visitar os museus e almoçar.
Ah! Esqueci de contar que o João me deu uma bronca por eu ter apagado algumas fotos da máquina. Falei que não ia mais mexer na máquina, nem encostar nela. Quando saímos para ir ao porto, nem peguei nela. Chegando lá, tem aquela famosa placa: "Ushuaia – Bem-venidos al Fin del Mundo". Ele tirou foto minha e da Mehl. Quando foi para tirar foto dele, falei que não ia tirar. Ficou zangado, o mocinho. Um frio e um vento danado que estava, ele tirou o gorro, posicionou a máquina em cima do gorro e acionou-a para tirar foto sozinha... Amanhã, quando voltarmos, tiramos uma melhor.
Às 20h00, voltamos ao lava-car. Ficamos dentro do carro enquanto eles lavavam. Deu até pena de ver. Enquanto o carro, em Curitiba (RC3), é lavado com água quente, aqui ele foi lavado com água geladérrima, e de vassoura, ainda por cima! Mas, também, ele já está todo picado no capô, mesmo. O que é mais um risquinho, nesta altura? Foi uma lavagem meia boca, mas pelo menos a gente não se suja mais quando entra no carro e dá para ver a placa do carro, veja só! Eu nem lembrava mais qual era. Depois de 40 minutos lavando (lavando, sem secar, nem nada) o carro (pra ver como estava sujo!), voltamos ao hotel. O João e a Mehl estão baixando as fotos no notebook e falando com o Jose. E cada vez que o Jose falava com a Mehl, perguntava: “E, aí, tirando muita foto?” Ela ficava nervosa, coitadinha, pois desde que a máquina fotográfica estragou, ela ficava choramingando, dizendo que a mãe e o pai iam brigar com ela, e ela estava achando que o pai adivinhou que a máquina estava estragada. Já falei com a mãe, também e separei as roupas para levar para a lavanderia, amanhã. Daqui a pouco vamos fazer lanche. Não quero esquecer de ver a quilometragem do carro para fazer os cálculos.
Às 21h20 saímos para lanchar. O João foi perguntar se o Tante Sara era bom e se era muito longe. A moça da recepção falou que era muito bom e não era longe, mesmo porque era melhor ir a pé porque lá não teria lugar para estacionar; é muito cheio. Fomos a pé. Um frio do caneco! Chegamos lá, mais ou menos, às 21h40. a Mehl pediu um milkshake de frutillas (morango) e 1 wafles de chocolate; o João pediu uma água Ser Citrus (mais ou menos como a H2O) e um sanduíche de frango frio e eu só um capuccino. Ando meio enjoada, acho que é o alfajor, não agüento mais comer doce. Mas também imaginei que o João não fosse comer o sanduíche inteiro (os sanduíches daqui são enormes) e a Mehl o wafles. Assim, jantei e ainda comi a sobremesa (essa meio que empurrada, mas o João ajudou a comer, também). Voltamos ao hotel e agora, às 23:06, vamos dormir.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Como prometido, fotos do trecho da viagem: Rio Gallegos - Rio Grande.



sábado, 20 de dezembro de 2008

10º DIA - 12/07/2008 - 10H20 - SAÍDA - RIO GALLEGOS - DOMINGO

Hodômetro: 47.901km.
Rio Gallegos: Austral Apart Hotel
Rio Grande: Federico Ibarra Hotel
Quilometragem feita de Rio Gallegos a Rio Grande: 48.273 - 47.901 = 372 km

De Curitiba a Rio Grande: 48.273 - 42.919 = 5.354 km

Íamos levantar às 06h00, mas o João passou mal noite inteira. Aconteceu uma coisa estranha, não pra mim, mas pra quem não acredita em Deus. Mais uma vez Ele me deu provas que existe. Estou preocupada com o João, porque não sei o que fazer. Acheo que, talvez, tenha que levá-lo a um hospital. Aí, sabe como é, ne? Nessas horas, também, a gente lembra Dele. Mas eu rezo todas as noites, e resolvi apelar. Pedi pro Papai do Céu me dar uma luz, me ajudar, a quem eu podia recorrer se o João piorasse. Pois não é que eu tive um sonho? No sonho, eu pedia pro Jose me dar o telefone do Roberto (padrinho do Kinn), que é gastro!!! Tá vendo como Ele tem resposta pra tudo? Eu nunca iria me lembrar do Roberto, sozinha. Se a coisa ficasse mais feia, era isso mesmo que ia fazer. Quando acordei, falei pro João, então ele pediu pra esperar um pouco, ver como ele reagiria. Achamos melhor ficar mais um dia aqui e ver como o João passa o dia e procurar um hospital, ou ligar para o Roberto. Mas o João colocou o celular para despertar às 07h00 e ver como levantava. Às 07h00, como íamos ficar na cidade mais um dia, ele achou melhor dormir mais um pouco. Levantei às 08h00, está escuro como breu, ainda. Lavei o cabelo, chamei a Mehl, também, para lavar o cabelo. Nesse meio tempo, o João levantou, falou que estava se sentindo um pouco melhor. Disse que ia tomar banho e, talvez, depois do café, dependendo de como ele estivesse se sentindo, a gente continuaria a viagem, saindo daqui ao meio-dia. São 08h54min e nada de clarear. Este quarto está um forno, tanto que eu e a Mehl nem colocamos a roupa toda, ainda.
Descemos, tomamos café, voltamos para o quarto e o João acha que dá para seguir viagem. Às 10h20, está 1ºC, lá fora. O carro está congelado. Passamos no posto, pois a água que espirra no pára-brisa não passa nos furinhos porque congelou nos dutos, e abastecemos. Saímos do posto e o João parou, mais adiante, para aplicar spray nos pneus, pois o asfalto está com uma fina camada de gelo. Vamos sair para ir até Rio Grande. Ele me chamou para passar o spray no restante dos pneus, a mão dele estava congelando. Passamos por um posto policial de controle, eles nos pararam, pedindo a carteira de motorista do João, o passaporte e o documento do carro. Depois, desejaram-nos boa viagem. Só depois de 30 km rodados o João se lembrou de zerar o hodômetro parcial. (Acho que congelou o cérebro dele).
Desde Buenos Aires não usávamos óculos de sol. Todos os dias eram nublados. Estreei o meu só agora.
Pela primeira vez vejo o João dirigir a 80 km/h, por um bom tempo, pelo menos uns 40 minutos, dirigindo nesta velocidade, por causa do gelo.
Uau!! Passamos pela aduana argentina. Descemos do carro, viram os documentos, nos mandaram embora. Quando estávamos lá fora, vieram dois policiais, mandando a gente entrar. Nós só tínhamos passado pela aduana, que é do carro, e não pela imigração, que é de pessoas. Na do carro, o fiscal falou que não precisávamos preencher nada, por causa do MERCOSUL. No final, deu tudo certo. Andamos mais um pouco de carro. Agora é a aduana chilena. Entra de novo, vê documentos, preenche formulários. Graças a Deus, deu tudo certo! Como é difícil fazer uma viagem de turismo, se tem menor no meio. A gente se cerca de todos os cuidados, com documentação e, mesmo assim, a gente fica se perguntando se não vai faltar nada. Na aduana chilena, achei o chocolate que o Maestri falou (SUNHI-NUSS), mas não compramos. Deixamos para comprar em outro lugar.
Agora vamos rumo à Rio Grande. São 12h15min. O carro ficou tanto tempo parado no sol, na aduana do Chile, que desentupiu os buraquinhos de espirrar água.
Chegamos ao Ferry Primeira Angostura. Faltam 15 minutos para o Ferry sair. Vamos atravessar o Estreito de Magalhães. Chegamos às 13h00. Fui comprar chocolate numa birosca. O chocolate que eu queria (o do Maestri), não tinha, devia ter comprado na aduana. E o trabalho que deu para conversar com a mulherzinha? Aí veio um entrão que queria falar inglês, aí complicou tudo, pois era uma mistura de inglês e espanhol que ninguém entendia nada. Resolvi falar só com a mulherzinha e, enquanto isso, pedi para a Mehl chamar o João, que tinha ficado lá fora. A mulher dizia que não podia trocar em dólar, nem em peso chileno, só peso argentino. Eu não sabia se o João queria que trocasse em dólar ou não, por isso pedi para a Mehl ir chamá-lo. Ele preferia em peso argentino, mesmo. Depois de tudo feito, entramos no ferry e estamos seguindo a Cerro Sombrero, depois San Sebastian. Às 13h45min, aportamos na Terra do Fogo. Agora vamos à Cerro Sombrero para abastecer. São 14h15min, e paramos em Cerro Sombrero, mas não abastecemos, só "desabastecemos". Não dá para escrever agora, está saindo tudo tremido, depois eu explico.
Agora, sim. Não deu para escrever porque a estrada é horrível. Era de rípio, mas como nevou está uma "nheca" só. Ainda por cima, passa caminhão (muitos caminhões) e faz um carreiro de cada lado da roda e fica um morro no meio, é uma angústia passar. Por duas vezes, quase ficamos atolados; ainda bem que o motorista é bom. Quero ver na volta. Às 16:15, paramos na aduana chilena. Gente, o que é isso? Que horror são as aduanas aqui. É uma lama só. A gente desce do carro e parece que está entrando num chiqueiro. Vocês não têm idéia, dá até medo de sair do carro. A roupa fica toda respingada de lama. Tem que ter bota e de sola grossa. Os policiais perguntaram se a Mehl era "uruguainha". Falamos que não e mostramos o passaporte. Eles insistiram em pergunta, aí é que nos lembramos que o passaporte do Uruguai também é azul, por isso a pergunta, então mostramos que era brasileiro. Pediram a autorização dos pais. Olharam e não achavam o nome da Sônia e do Jose. Vieram perguntar e nem eu achava! Mas aceitaram (devem ter achado o nome dos pais, senão não teriam deixado passar). Deu tudo certo, de novo, ainda bem. Já pensou viajar 5.000km e ter que voltar?
Às 16h45min paramos na aduana argentina. Na imigração deu tudo certo. Quando chegou a hora de ver a documentação do carro, pediram um formulário, que era para ter sido preenchido quando saímos da Argentina, no continente. Falamos que o fiscal tinha falado que não precisava, que era "Mercosur" (Mercosul, em bom português, a pronúncia deles é uma piada, o som do "l" tem que ser mais longo, mas eles pronunciam como se fosse um "r"). Lá fomos nós preencher o tal formulário para regularizar a situação do carro. O fiscal argentino é que ficou com preguiça de preencher o tal formulário.
Estamos na estrada de novo. O carro está um nojo. Parece um porco enrolado na lama. São 17:02 e estamos seguindo para Rio Grande.
Chegamos em Rio Grande às 17h30, mais ou menos. Abastecemos. O carro fez 11km/l. Até que não nos batemos para achar um hotel. Um frentista nos indicou o Federico Ibarra Hotel. Estamos nele agora, no quarto 117, um "baita" quarto com quatro camas. Subimos com as malas e descemos para comer alguma coisa. Mas é muito engraçado. Quando a gente entra no hotel, e pede um quarto triplo, eles olham pra nós e dizem: "Temos, mas não tem com cama de casal, só camas separadas" com uma cara! Achando que não vamos aceitar. Acho que eles não entendem nada quando a gente responde, sorrindo, que não problema, que é até melhor. Até agora, na maioria dos hotéis, foi assim.
Fomos fazer lanche no EPA-BAR (isso lembrou o João da EPA – escola de aviação). Pedimos misto-quente (eu e a Mehl), capuccino (eu), suco de laranja (Mehl) e o João queria purê de batatas, chá digestivo e torradas. O palhacinho do garçon estava se fazendo de bobo, desentendido. O João falava com ele e ele fazia cara de paisagem. Aí ele veio falar que não tinha batata para o purê. O João pediu, então, manteiga para passar nas torradas. Fez cara de bobo de novo. Até pensamos que ele não ia trazer mais nada, pois saiu sem falar nada e demorou para voltar. Estávamos com vontade de levantar e ir embora, mas daí íamos ficar sem comer. Então ele apareceu com o suco e o capuccino. O João perguntou de novo se tinha manteiga. Aí ele falou que tinha, mas saiu e demorou de novo. Achamos que tinha esquecido de novo. Aí ele veio com com o restante do pedido. Nosso humor já tinha ido embora faz tempo. Lanchamos e fomos dar uma volta na quadra. Pelo pouco que a gente viu, é uma cidade grandinha e carinha. Voltamos para o hotel e nos acomodamos. Eu fui tentar limpar as barras das calças, as botas e lavei a toalhinha do carro. Deixei a barra da minha calça e a toalhinha secando na calefação que fica embaixo da porta do armário. Antes de dormir eu tiro de lá, porque do jeito que está quente, logo seca. São 20:02, todo mundo de dente escovado e cama.


* O PRÓXIMO POST SERÁ EXCLUSIVOS COM FOTOS DESTE TRECHO DA VIAGEM, QUE FOI O MAIS TENSO DA VIAGEM, DEVIDO AO RÍPIO, ENCHARCADO POR NEVE DERRETIDA. *