sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

12º DIA – 15/07/2008 – 08h40 – USHUAIA - TERÇA-FEIRA

Hodômetro: 48.500 km.
Ushuaia: Paisaje Del Beagle


Levantei às 08h00 e fui tomar banho. Supresa! Não sei ligar o chuveiro. Experimentei de todas as torneiras e só sai água para a banheira. Chamei o João e ele também não sabe. Tomei banho de banheira, mesmo, e até lavei o cabelo. Depois de me arrumar, fui falar com a moça do hotel. Ela veio ensinar. É só mexer na válvula do meio. Virando, ela deixa a água só para o chuveiro. Depois, Mehl e João foram tomar banho, dessa vez, sabendo como usar o chuveiro. Tomamos café e saímos para ver o passeio de barco. A moça da recepção falou que esta época não tem pingüins. Eles vão para águas mais quentes. Descemos e quando vi o carro até esqueci do incidente do banheiro. Caracoles! O carro estava congelado, e como mandamos lavá-lo ontem, sem secar depois, congelou, também, o botão do porta-malas. As portas estavam grudadas, o pára-brisas, os faróis, tudo congelado. O João tinha deixado o spray para descongelar vidro no porta-malas e queríamos pegar mais casacos, também. Foi uma risada só. Conseguimos abrir a porta, aí ele pediu pra Mehl tentar pegar o spray. Ela não conseguia alcançar o spray. Ele teve que baixar o encosto do banco traseiro para alcançar o spray e pegou, também, os casacos que nós queríamos. Vestimos os casacos. Aí ele lembrou do porta-malas, foi e tentou abrir, mas não conseguiu, então ele colocou um pouco do spray no botão. E funcionou! Só que ele queria abrir o porta-malas pra pegar o spray e os casacos. Só que o spray já estava na mão dele e nós vestidos com os casacos! Para quê abrir o porta-malas? Depois de rirmos muito, então, ele passou o restinho de spray que tinha nos vidros do carro, mas não adiantou. Peguei água quente para descongelar, e nem assim deu certo. Coloquei água bem quente no reservatório e também não adiantou. O dono da pousada falou que quando o dia esquentasse um pouco mais, descongelaria. Resolvemos sair assim mesmo e procurar mais spray anticongelante. Por via das dúvidas, vou deixar o spray que comprar no chão, perto dos meus pés. Descobrimos, então, que o cano por onde passa a água para o limpador traseiro, estava furado. E caía água bem dentro do porta-malas! Não poderemos mais usá-lo. Também!! O que nós usamos de água para “tentar” limpar o vidro!!! Era encher num posto e dali a 200 km encher de novo... Bem, entramos no carro e fomos ao porto.
O passeio só sai às 15h00, então deixamos reservado e fomos para o Museu Marítimo e Ex-Presídio. Interessante o passeio. Foram os presidiários que construíram a cidade. Eles eram trazidos das outras partes da Argentina para cá. Assim como o pessoal da Rússia mandava os presos para a Sibéria. Foram os presos que construíram a estrada de ferro, abriram estradas, fizeram a parte de saneamento (água e esgoto). Claro que tinha uma administração, mas quem ficava no frio eram os presos, frio mesmo, pois antigamente chegava a fazer -20º no inverno, daqui. Tem histórias curiosas de alguns presos, e as celas contam estas histórias, com artigos de jornais da época, livros da penitenciária e fotos. Pra variar, tinha uma lojinha no museu. Compramos um monte de caminsetas. Depois da visita ao museu, passamos no posto, abastecemos e perguntamos se tinha descongelante. Fizeram cara de bobo, na verdade de pouco caso, e falaram que não, talvez em outro posto. Passamos em outro posto e nada. Talvez numa loja de artigos para automóveis. Quando passamos por uma rua, o João viu uma lojas destas, foi ver, mas esquecemos que era hora da “siesta”, estava fechada e só voltava a abrir às 16h00, ficando até às 20h30. O jeito foi deixarmos o carro em frente ao hotel e irmos almoçar. Voltamos ao hotel, descansamos, o João viu os e-mails e às 14h20 saímos para o passeio de barco.
São 20:17. Chegamos agora no hotel, já jantados. Gente! O passeio de barco foi bonito, mas muiiiiiito frio!!! Enquanto o barco se afastava da costa, os leões marinhos e os lobos marinhos vinham acompanhando o barco. Lembrei-me dos golfinhos em Fernando de Noronha. Show!! Eles são tão exibidos quanto os golfinhos. O leão marinho é chamado de “dois pelos” e os machos parecem que têm uma juba de leão, mesmo. São enormes. Os lobos marinhos são chamados “um pelo” e têm o focinho mais alongado. Vimos uma colônia com as duas espécies. Passamos por uma ilhota com uma espécie de pássaros que eu não lembro o nome, agora; por outra que tinha uma colônia de “cormorones”, espécie meio aparentada com os pingüins. O guia contou que nesta época, os pingüins estão na costa do Brasil, porque eles procuram onde tem mais luz. Aqui amanhece às 10 horas e anoitece às 17h30, então o dia é muito curto. O João está duvidando que pingüins existam. Nós viemos para cá para vê-los e não tem nenhum; quando voltarmos, não veremos no Brasil, também. Vimos o Farol, ou “Faro Lês Eclaireus”, como eles chamam aqui, e depois seguimos passeando pelo Canal de Beagle até as Ilhas Bridges que, segundo o guia, foram habitadas pelos primeiros moradores da região: índios que viviam nus e sobreviviam da pesca dos lobos marinhos, ovos de comorones e mexilhões. Suas “casas” eram círculos no solo, e com o passar do tempo, de tantos mexilhões que eram consumidos, e as cascas jogadas em volta destes círculos, que as “casas” se tornavam buracos no chão. A ilha é forrada com cascas de mexilhões, como se fossem nossos “sambaquis”. Recebeu esse nome – Bridges – por causa de um explorador britânico que foi o primeiro estrangeiro, um missionário, a pisar na ilha. Do topo da ilha vê-se todo o canal de Beagle, a cidade, a Cordilheira Foguina. Do meio da ilha dista, 200 km, de um lado o Oceano Atlântico; 200 km do outro, o Oceano Pacífico Sul; 2.100 km a Antártida e a 3.000 km o Pólo Sul. A Terra do Fogo tem este nome, porque quando os primeiros exploradores a avistaram dos navios, viam centenas de focos de fogo no continente. Eram os aborígenes (ou índios) que acendiam as tochas e faziam fogueiras para espantar o frio.
Quando voltamos estava quase escurecendo e dava para ver as luzes da cidade. Lindo!! O que nos deixou um pouco triste no passeio, foi a nossa máquina que não carregou direito (o João acha que foi o frio) e não pudemos tirar muitas fotos. A última que o João tirou foi da cidade se preparando para a noite. Centenas de luzinhas aparecendo. Depois que desembarcamos, pegamos o carro e fomos ver uma casa de chá, fora da cidade, no mesmo caminho onde iremos esquiar amanhã. Quem disse que achamos? O caminho estava certo, achamos a estação de esqui, mas não achamos a casa de chá. Resolvemos voltar e deixar para amanhã; durante o dia deve ser mais fácil procurar. Voltamos para o hotel, deixamos o carro na frente e fomos para a Av. San Martin, a pé, para comer. Descemos aquela escadaria de novo. Já se tornou o “caminho da roça” para nós. Na ida, tudo bem, é só descida (apesar do gelo). O pior é na volta, dá um cansaço subir aquelas ladeiras e a escadaria! Bom, agora vamos descansar.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

11º DIA - 14/07/2008 - 09:13 - SAÍDA - RIO GRANDE - SEGUNDA-FEIRA

Hodômetro: 48.273 km.
Rio Grande: Federico Ibarra Hotel
Ushuaia: Paisaje Del Beagle
Quilometragem feita de Rio Grande a Ushuaia: 48.500 - 48.273 = 227 km

De Curitiba a Ushuaia: 48.500 - 42.919 = 5.581 km

Acordamos às 07h. Fomos tomar banho. Daqui a pouco vamos tomar café, organizar as coisas e zarpar. Fui pegar água; no corredor tem um bebedouro com água quente e fria. A Mehl tinha ido pegar ontem e falou que a água quente não era quente, era morninha, quase natural. Hoje fui conferir e quase pelei o dedo. É fervente.
Tomamos café no 1º andar e depois descemos para poder entrar na Internet. Vimos o hotel no Ushuaia, pois reservamos só até Puerto Madryn, e já decidimos. São 09h00 e estamos descendo com a bagagem. O João está fazendo o check-out e pagando.
São 09:13 agora e estamos dentro do carro. O João teve que passar spray no vidro para descongelar. Vamos procurar um posto para abastecer e limpar os vidros, principalmente os de trás. Marquei o nome de um hotel (Hotel Villa, na San Martin) para a volta, em frente ao Hotel Cassino.
09:19 e –2ºC (gelado, brrrr!!!) em Rio Grande e agora é que o sol está tentando (veja bem, tentando) furar a barreira da escuridão. Estamos no posto; o João comprou anticongelante para colocar no reservatório. O frentista está lavando os vidros. Lavou o da frente, os laterais e, coitado, o de trás. A Mehl falou: "Ele levou até o balde, tia, para poder lavar". É... só com a esponjinha ele não ia conseguir. Está imundo. Não, imundo é eufemismo. Nem sei que adjetivo dar. Como diz a Mehl, o cara que for lavar o carro tem que ganhar uma boa gorjeta. E como diz ela, ainda, agora sim, até clareou dentro do carro. A Mehl bateu uma foto do nascer do sol, espetacular, às 09h40. E desde às 09h40 estamos tentando sair da cidade, e pra variar ninguém sabe dar informações. Perguntamos para uma mulher, mas pelo jeito ela não é da cidade, onde ficava a Rota 3, em direção ao Ushuaia. Ela falou que o Ushuaia "ficava a dois mil e pico km". Só nós sabemos que fica a 220 km de Rio Grande? Voltamos ao posto onde abastecemos e perguntamos ao frentista. Este sim, respondeu o que queríamos saber. Agora vamos. Estamos na rota certa.
Passamos por Tolhuim às 11:18. Os picos das montanhas estão cobertos de neve. Como é lindo ver ao vivo e à cores!!! Acho que é a Cordilheira Foguina.
Paramos no "Paso Garibaldi", um mirante, para tirar xerox, não, Simone, foto! Que mania! Muito bonito. Mas um frio de congelar o sangue. Não tinha ninguém ali, só nós. Tinha uma escada, com corrimão, para dar acesso ao mirante. Cobertinha de gelo!! Subimos segurando no corrimão. E pra descer? Bem devagarinho, um pé, depois outro, em câmera lenta, pra não escorregar e chegar com a bunda molhada e alguma coisa quebrada. Até aí tudo bem, normal. E pra sair com o carro? Quem disse que conseguimos? Desci para empurrar, mas tanto o carro quanto eu patinávamos no gelo. Acho que se o João conseguisse tirar o carro dali, eu daria com a cara no chão. Aí fui eu pra dentro do carro e o João, tentando empurrar. Bem nessa hora a Providência Divina entrou em ação, de novo! Não é que apareceram dois carros? Um com um casal de turista, o outro, uma van que estava vindo do Ushuaia com turistas, também. Graças a Deus!! Eles já se prontificaram a ajudar. O motorista da van perguntou se podia entrar no carro e dirigir, ou se ele me ensinava e eu tentava tirar. Mas na mesma hora eu pulei do carro e disse que ele ficasse à vontade! Pois ele entrou e tchan- tchan- tchan- tchan! Tirou o carro como o rei Arthur tirou a espada da pedra. O João dizia: Ah! Ele vai ter que me ensinar como fazer isso!!" E ensinou mesmo. Tira o pé da embreagem bem devagarinho e não acelera, o carro sai do lugar sem esforço nenhum. O João, então, foi fazer. Ehh! Conseguiu! Agora ninguém pode com ele. Está todo orgulhoso que conseguiu fazer de primeira.
Às 12:54 entramos na cidade de Ushuaia. É muito bonita! Aquela cordilheira faz um contraste com o mar, de tirar de o fôlego! A gente entra pela parte alta da cidade e vai descendo as ruazinhas (que são um perigo por causa do gelo). Às 14h00 paramos na frente do Hotel Paisaje Del Beagle. Levamos uma hora para achar o hotel. Perguntamos para um senhor o nome da rua do hotel, e ele ensinou direitinho onde é. Está vendo como o povo daqui entende o que perguntamos? Alguns é que têm má vontade, ou são burros mesmo. Aí, começa aquela velha história: falamos que queremos um quarto triplo, e o dono da pousada diz que sim e com cama de casal! Coitado! Ele nem sabe que pra nós tanto faz. Ficamos no quarto nº 5. Eu e a Mehl na cama de casal e o João na cama de solteiro. Tiramos as malas do carro, outra vez (ainda bem que é por três dias), subimos uma escada de uns 15 degraus. Pra variar, o João não pode ficar sem se conectar. Ficamos uns 20 minutos esperando que ele mandasse um e-mail. Então fomos almoçar no Turco Restaurante. O dono do hotel nos ensinou o caminho para o restaurante. Quase em frente ao hotel tem uma escadaria que dá numa ruazinha, viramos à esquerda, só tomando o devido cuidado para não escorregar por causa do gelo que cobre a rua (a rua, a calçada, o meio-fio, as casas, tudo é coberto pelo gelo). Quando dobramos à direita na próxima rua, que é uma ladeira, a Mehl dá um escorregão, o João volta-se para olhar e acaba escorregando, também. Só eu não escorreguei. Falei para eles que eles têm que andar como se tivessem pisando em ovos, bem devagarinho, com cuidado. Na próxima rua viramos à direita, novamente, é a Av. San Martin, do outro lado da rua fica o Turco Restaurante. Comemos bem e bastante (o João: bife com purê de batatas e um pouco de salada de tometa e cebola; eu: bife com fritas e salada e a Mehl: bife a parmegiana (aqui é napolitana) com fritas. Eu achei engraçado a maneira de servir aqui: a mesa é colocada com pratos, talheres e copos. Quando chega a comida, eles tiram os pratos e colocam o prato feito na tua frente. Não é servido em travessas, como no Brasil, onde você se serve da quantidade que quer. E não é um pratinho pequeno, não! Um prato desses serve duas pessoas, bem servidas!
Depois, pra fazer a digestão de tudo isso, fomos dar uma volta na Av. San Martin, a avenida principal da cidade. Nós parecíamos turistas, mesmo. Eu, com aquele casacão de pele, gorro enfiado até o queixo, quase, luvas, cachecol... devia estar uma figura. Mas, nem liguei. O frio é de matar aqui. Eu é que não ia passar frio. Ainda bem que, na última hora, resolvi colocar o meu casaco de pele na mala, senão, ou eu passaria frio ou teria que comprar um bom casaco pra mim. A Mehl só levou um casaco tipo feltro e blusinha finas, que não dariam pra esquentar nem no frio de Curitiba. Acabei emprestando o meu casacão preto pra ela. Foi a salvação! Bem compramos algumas coisinhas, pois não eram todas as lojas que estavam abertas (a tal da siesta, de novo) passeamos mais um pouco e agora estamos no hotel (são 17:15). O João está falando com o Bernardo. Daqui a pouco acho que vamos passear de carro.
Saímos com o dono da pousada (Sr. Jorge) para ver onde vamos lavar o carro. O João não queria lavar o carro, de jeito nenhum! Falei pra ele que não ia ter roupa que chegasse, cada vez que entrássemos ou saíssemos do carro, pois sem querer acabávamos nos esfregando na porta do carro. Até do lado de dentro o carro estava imundo, imagina do lado de fora! Aí ele aceitou. Fomos em um que cobrava $50,00 para lavar só por fora. Só que tínhamos que voltar às 20h00, porque eles estavam lotados. O dono da pousada achou caro, e nos levou em outro, que cobrava $20,00, mas era o João quem tinha que lavar. Ficamos de resolver, enquanto íamos ao porto ver o horário de saída do passeio de barco. Nesse meio tempo, resolvemos que seria melhor pagar $50,00 para eles lavarem, do que $20,00. Eu já imaginei a cena do João lavando o carro, com aquela água gelada, e ficando todo sujo e molhado. Eu ia gastar mais em lavanderia e remédios, do que os $50,00 que o outro lava-car (lavadero) pedira. Então, chegamos ao porto e vimos que o horário é às 15h30. Amanhã de manhã, voltaremos ao porto, compraremos as passagens, e até a hora de embarcar vamos visitar os museus e almoçar.
Ah! Esqueci de contar que o João me deu uma bronca por eu ter apagado algumas fotos da máquina. Falei que não ia mais mexer na máquina, nem encostar nela. Quando saímos para ir ao porto, nem peguei nela. Chegando lá, tem aquela famosa placa: "Ushuaia – Bem-venidos al Fin del Mundo". Ele tirou foto minha e da Mehl. Quando foi para tirar foto dele, falei que não ia tirar. Ficou zangado, o mocinho. Um frio e um vento danado que estava, ele tirou o gorro, posicionou a máquina em cima do gorro e acionou-a para tirar foto sozinha... Amanhã, quando voltarmos, tiramos uma melhor.
Às 20h00, voltamos ao lava-car. Ficamos dentro do carro enquanto eles lavavam. Deu até pena de ver. Enquanto o carro, em Curitiba (RC3), é lavado com água quente, aqui ele foi lavado com água geladérrima, e de vassoura, ainda por cima! Mas, também, ele já está todo picado no capô, mesmo. O que é mais um risquinho, nesta altura? Foi uma lavagem meia boca, mas pelo menos a gente não se suja mais quando entra no carro e dá para ver a placa do carro, veja só! Eu nem lembrava mais qual era. Depois de 40 minutos lavando (lavando, sem secar, nem nada) o carro (pra ver como estava sujo!), voltamos ao hotel. O João e a Mehl estão baixando as fotos no notebook e falando com o Jose. E cada vez que o Jose falava com a Mehl, perguntava: “E, aí, tirando muita foto?” Ela ficava nervosa, coitadinha, pois desde que a máquina fotográfica estragou, ela ficava choramingando, dizendo que a mãe e o pai iam brigar com ela, e ela estava achando que o pai adivinhou que a máquina estava estragada. Já falei com a mãe, também e separei as roupas para levar para a lavanderia, amanhã. Daqui a pouco vamos fazer lanche. Não quero esquecer de ver a quilometragem do carro para fazer os cálculos.
Às 21h20 saímos para lanchar. O João foi perguntar se o Tante Sara era bom e se era muito longe. A moça da recepção falou que era muito bom e não era longe, mesmo porque era melhor ir a pé porque lá não teria lugar para estacionar; é muito cheio. Fomos a pé. Um frio do caneco! Chegamos lá, mais ou menos, às 21h40. a Mehl pediu um milkshake de frutillas (morango) e 1 wafles de chocolate; o João pediu uma água Ser Citrus (mais ou menos como a H2O) e um sanduíche de frango frio e eu só um capuccino. Ando meio enjoada, acho que é o alfajor, não agüento mais comer doce. Mas também imaginei que o João não fosse comer o sanduíche inteiro (os sanduíches daqui são enormes) e a Mehl o wafles. Assim, jantei e ainda comi a sobremesa (essa meio que empurrada, mas o João ajudou a comer, também). Voltamos ao hotel e agora, às 23:06, vamos dormir.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Como prometido, fotos do trecho da viagem: Rio Gallegos - Rio Grande.



sábado, 20 de dezembro de 2008

10º DIA - 12/07/2008 - 10H20 - SAÍDA - RIO GALLEGOS - DOMINGO

Hodômetro: 47.901km.
Rio Gallegos: Austral Apart Hotel
Rio Grande: Federico Ibarra Hotel
Quilometragem feita de Rio Gallegos a Rio Grande: 48.273 - 47.901 = 372 km

De Curitiba a Rio Grande: 48.273 - 42.919 = 5.354 km

Íamos levantar às 06h00, mas o João passou mal noite inteira. Aconteceu uma coisa estranha, não pra mim, mas pra quem não acredita em Deus. Mais uma vez Ele me deu provas que existe. Estou preocupada com o João, porque não sei o que fazer. Acheo que, talvez, tenha que levá-lo a um hospital. Aí, sabe como é, ne? Nessas horas, também, a gente lembra Dele. Mas eu rezo todas as noites, e resolvi apelar. Pedi pro Papai do Céu me dar uma luz, me ajudar, a quem eu podia recorrer se o João piorasse. Pois não é que eu tive um sonho? No sonho, eu pedia pro Jose me dar o telefone do Roberto (padrinho do Kinn), que é gastro!!! Tá vendo como Ele tem resposta pra tudo? Eu nunca iria me lembrar do Roberto, sozinha. Se a coisa ficasse mais feia, era isso mesmo que ia fazer. Quando acordei, falei pro João, então ele pediu pra esperar um pouco, ver como ele reagiria. Achamos melhor ficar mais um dia aqui e ver como o João passa o dia e procurar um hospital, ou ligar para o Roberto. Mas o João colocou o celular para despertar às 07h00 e ver como levantava. Às 07h00, como íamos ficar na cidade mais um dia, ele achou melhor dormir mais um pouco. Levantei às 08h00, está escuro como breu, ainda. Lavei o cabelo, chamei a Mehl, também, para lavar o cabelo. Nesse meio tempo, o João levantou, falou que estava se sentindo um pouco melhor. Disse que ia tomar banho e, talvez, depois do café, dependendo de como ele estivesse se sentindo, a gente continuaria a viagem, saindo daqui ao meio-dia. São 08h54min e nada de clarear. Este quarto está um forno, tanto que eu e a Mehl nem colocamos a roupa toda, ainda.
Descemos, tomamos café, voltamos para o quarto e o João acha que dá para seguir viagem. Às 10h20, está 1ºC, lá fora. O carro está congelado. Passamos no posto, pois a água que espirra no pára-brisa não passa nos furinhos porque congelou nos dutos, e abastecemos. Saímos do posto e o João parou, mais adiante, para aplicar spray nos pneus, pois o asfalto está com uma fina camada de gelo. Vamos sair para ir até Rio Grande. Ele me chamou para passar o spray no restante dos pneus, a mão dele estava congelando. Passamos por um posto policial de controle, eles nos pararam, pedindo a carteira de motorista do João, o passaporte e o documento do carro. Depois, desejaram-nos boa viagem. Só depois de 30 km rodados o João se lembrou de zerar o hodômetro parcial. (Acho que congelou o cérebro dele).
Desde Buenos Aires não usávamos óculos de sol. Todos os dias eram nublados. Estreei o meu só agora.
Pela primeira vez vejo o João dirigir a 80 km/h, por um bom tempo, pelo menos uns 40 minutos, dirigindo nesta velocidade, por causa do gelo.
Uau!! Passamos pela aduana argentina. Descemos do carro, viram os documentos, nos mandaram embora. Quando estávamos lá fora, vieram dois policiais, mandando a gente entrar. Nós só tínhamos passado pela aduana, que é do carro, e não pela imigração, que é de pessoas. Na do carro, o fiscal falou que não precisávamos preencher nada, por causa do MERCOSUL. No final, deu tudo certo. Andamos mais um pouco de carro. Agora é a aduana chilena. Entra de novo, vê documentos, preenche formulários. Graças a Deus, deu tudo certo! Como é difícil fazer uma viagem de turismo, se tem menor no meio. A gente se cerca de todos os cuidados, com documentação e, mesmo assim, a gente fica se perguntando se não vai faltar nada. Na aduana chilena, achei o chocolate que o Maestri falou (SUNHI-NUSS), mas não compramos. Deixamos para comprar em outro lugar.
Agora vamos rumo à Rio Grande. São 12h15min. O carro ficou tanto tempo parado no sol, na aduana do Chile, que desentupiu os buraquinhos de espirrar água.
Chegamos ao Ferry Primeira Angostura. Faltam 15 minutos para o Ferry sair. Vamos atravessar o Estreito de Magalhães. Chegamos às 13h00. Fui comprar chocolate numa birosca. O chocolate que eu queria (o do Maestri), não tinha, devia ter comprado na aduana. E o trabalho que deu para conversar com a mulherzinha? Aí veio um entrão que queria falar inglês, aí complicou tudo, pois era uma mistura de inglês e espanhol que ninguém entendia nada. Resolvi falar só com a mulherzinha e, enquanto isso, pedi para a Mehl chamar o João, que tinha ficado lá fora. A mulher dizia que não podia trocar em dólar, nem em peso chileno, só peso argentino. Eu não sabia se o João queria que trocasse em dólar ou não, por isso pedi para a Mehl ir chamá-lo. Ele preferia em peso argentino, mesmo. Depois de tudo feito, entramos no ferry e estamos seguindo a Cerro Sombrero, depois San Sebastian. Às 13h45min, aportamos na Terra do Fogo. Agora vamos à Cerro Sombrero para abastecer. São 14h15min, e paramos em Cerro Sombrero, mas não abastecemos, só "desabastecemos". Não dá para escrever agora, está saindo tudo tremido, depois eu explico.
Agora, sim. Não deu para escrever porque a estrada é horrível. Era de rípio, mas como nevou está uma "nheca" só. Ainda por cima, passa caminhão (muitos caminhões) e faz um carreiro de cada lado da roda e fica um morro no meio, é uma angústia passar. Por duas vezes, quase ficamos atolados; ainda bem que o motorista é bom. Quero ver na volta. Às 16:15, paramos na aduana chilena. Gente, o que é isso? Que horror são as aduanas aqui. É uma lama só. A gente desce do carro e parece que está entrando num chiqueiro. Vocês não têm idéia, dá até medo de sair do carro. A roupa fica toda respingada de lama. Tem que ter bota e de sola grossa. Os policiais perguntaram se a Mehl era "uruguainha". Falamos que não e mostramos o passaporte. Eles insistiram em pergunta, aí é que nos lembramos que o passaporte do Uruguai também é azul, por isso a pergunta, então mostramos que era brasileiro. Pediram a autorização dos pais. Olharam e não achavam o nome da Sônia e do Jose. Vieram perguntar e nem eu achava! Mas aceitaram (devem ter achado o nome dos pais, senão não teriam deixado passar). Deu tudo certo, de novo, ainda bem. Já pensou viajar 5.000km e ter que voltar?
Às 16h45min paramos na aduana argentina. Na imigração deu tudo certo. Quando chegou a hora de ver a documentação do carro, pediram um formulário, que era para ter sido preenchido quando saímos da Argentina, no continente. Falamos que o fiscal tinha falado que não precisava, que era "Mercosur" (Mercosul, em bom português, a pronúncia deles é uma piada, o som do "l" tem que ser mais longo, mas eles pronunciam como se fosse um "r"). Lá fomos nós preencher o tal formulário para regularizar a situação do carro. O fiscal argentino é que ficou com preguiça de preencher o tal formulário.
Estamos na estrada de novo. O carro está um nojo. Parece um porco enrolado na lama. São 17:02 e estamos seguindo para Rio Grande.
Chegamos em Rio Grande às 17h30, mais ou menos. Abastecemos. O carro fez 11km/l. Até que não nos batemos para achar um hotel. Um frentista nos indicou o Federico Ibarra Hotel. Estamos nele agora, no quarto 117, um "baita" quarto com quatro camas. Subimos com as malas e descemos para comer alguma coisa. Mas é muito engraçado. Quando a gente entra no hotel, e pede um quarto triplo, eles olham pra nós e dizem: "Temos, mas não tem com cama de casal, só camas separadas" com uma cara! Achando que não vamos aceitar. Acho que eles não entendem nada quando a gente responde, sorrindo, que não problema, que é até melhor. Até agora, na maioria dos hotéis, foi assim.
Fomos fazer lanche no EPA-BAR (isso lembrou o João da EPA – escola de aviação). Pedimos misto-quente (eu e a Mehl), capuccino (eu), suco de laranja (Mehl) e o João queria purê de batatas, chá digestivo e torradas. O palhacinho do garçon estava se fazendo de bobo, desentendido. O João falava com ele e ele fazia cara de paisagem. Aí ele veio falar que não tinha batata para o purê. O João pediu, então, manteiga para passar nas torradas. Fez cara de bobo de novo. Até pensamos que ele não ia trazer mais nada, pois saiu sem falar nada e demorou para voltar. Estávamos com vontade de levantar e ir embora, mas daí íamos ficar sem comer. Então ele apareceu com o suco e o capuccino. O João perguntou de novo se tinha manteiga. Aí ele falou que tinha, mas saiu e demorou de novo. Achamos que tinha esquecido de novo. Aí ele veio com com o restante do pedido. Nosso humor já tinha ido embora faz tempo. Lanchamos e fomos dar uma volta na quadra. Pelo pouco que a gente viu, é uma cidade grandinha e carinha. Voltamos para o hotel e nos acomodamos. Eu fui tentar limpar as barras das calças, as botas e lavei a toalhinha do carro. Deixei a barra da minha calça e a toalhinha secando na calefação que fica embaixo da porta do armário. Antes de dormir eu tiro de lá, porque do jeito que está quente, logo seca. São 20:02, todo mundo de dente escovado e cama.


* O PRÓXIMO POST SERÁ EXCLUSIVOS COM FOTOS DESTE TRECHO DA VIAGEM, QUE FOI O MAIS TENSO DA VIAGEM, DEVIDO AO RÍPIO, ENCHARCADO POR NEVE DERRETIDA. *

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

9º DIA – 12/07/2008 – 06:59 – SAÍDA – CALETA OLÍVIA - SABADO

Hodômetro: 47.174 km.
Caleta Olívia: El Hueso Perdidos
Rio Gallegos: Austral Apart Hotel
Quilometragem feita de Caleta Olívia a Rio Gallegos: 47.901 - 47.174 = 727 km

De Curitiba a Rio Gallegos: 47.901 - 42.919 = 4.982 km

Acordamos às 06h00. Ô banheirinho ruim! É um quadrado de 1mx1m; nem isso! Tudo bem se não tivesse cortina de plástico; porque a gente se molha, molha a cortina e ela fica grudando na gente. Aí tem que colocar a cortina pro lado de fora do quadrado pra não grudar. Aí... molha o banheiro. Aí... tem que enxugar. Por isso que tem um rodinho no banheiro. Tudo bem, de novo, se não fosse apertadinho e desse para passar o rodinho. Para caber o rodinho tem que passar de "fianco" (de lado), daí só pega a pontinha. O chuveiro é outro show à parte: sai água até para cima, parece aquele show das águas luminosas. Mas, todos se salvaram. Conseguimos tomar banho. Agora vamos arrumar as coisas, descer e dar o fora daqui.
Saímos às 06h59min. Cacilda! Não tem placa mesmo! E o povo não sabe dar informação! Levamos meia hora para sair de Caleta Olívia, e ainda pelo lado errado. Não conseguimos achar a Rota 3 saindo direto da cidade. Pegamos uma estrada até Cañadon Seco e de lá, uma estrada de rípio até achar a Rota 3 de novo. E o pior é a escuridão. Só nós e Deus nesta estrada. Andamos, mais ou menos, 12 km. Agora estamos na Rota 3, às 07h49min. Falei pro João: "Vira à direita, senão vamos para Caleta Olívia de novo". Ninguém quer voltar para lá. Na volta, vamos ficar em Puerto Deseado.
São 08h43min e nada de amanhecer. A estrada não tem marcação nenhuma. Às 08h50 encontramos os primeiros montinhos de neve; já viraram gelo. Saímos do carro para tirar foto. O João avisou a Mehl para não correr e, adivinha? Quando ele virou ela já estava correndo e escorregando no gelo que tinha no acostamento. Ainda bem que não caiu. Agora que está começando a clarear.
Às 09h45min passamos em Três Cerros. Achamos que era, pelo menos, uma vilazinha. Que nada! A gente entra, vê um posto policial, em seguida um hotel, um restaurante, o posto de gasolina com telefone e um parquinho. Acabou a vilazinha. Engata a 1ª marcha e na 1ª, mesmo já está fora. O João filmou a "cidade". Agora são 09:58, com 4ºC, lá fora. Próxima parada Puerto San Julian. Descobrimos que em alguns postos eles só colocam até $100,00 (pesos argentinos) de gasolina. Não podem colocar mais. Então, é melhor não rodar com menos de meio tanque. O João viu alguns animais e disse ser lhamas, eu falei que achava que, nesta região, não tem lhama, pode ser cervo ou veado. A Mehl também viu alguns e disse que não era veado. O pouco que vi, pois vi de relance e de longe, disse que não era lhama, pois a lhama é mais peluda. Agora estamos procurando para ver se achamos mais. Não achamos. Só ovelhas. Perguntei para o João se ele sentiu diferença no pneu depois que ele aplicou o spray, mas esquecei que ele não dirigiu ontem quando a pista estava escorregadia, em Comodoro Rivadávia, eu que dirigi. Parecia que estava patinando no gelo.
Descobri que o nome dos veadinhos são guanacos. O João resolveu não parar em San Julian. São 11h05min, mais uma hora e estaremos em Comandante Luís Piedra Buena. Tiramos foto no Rio Chico e logo adiante vimos uma carreta capotada. Paramos num posto em Comandante Luís Piedra Buena às 12h00. Abastecemos e compramos dois sanduíches, Sprite, iogurte e bolacha. Este foi nosso almoço. Agora são 12h40 e estamos na estrada de novo. Rumo a Rio Gallegos (pronuncia-se gajegos). Tirei foto do Le Marchand, parece ser uma pousada (muito bonita, por sinal). O João falou que a neve e a vegetação, às vezes, parece sorvete napolitano (onde ele está vendo o rosa, não sei) e às vezes, parece bolacha negresco.
A máquina fotográfica da Mehl foi pro espaço. Ela pediu pra eu colocar um carregador no isqueiro do carro. Eu nem estava sabendo para que era. Coloquei. Era da máquina e ela estava tentando carregar. Aí, ela disse que não funcionava. Até então, não sabíamos o que tinha acontecido.
Finalmente, estamos mais perto. Chegamos em Rio Gallegos às 14h50. Agora, vamos procurar o hotel. Temos três opções. Passamos pelo Covadonga e não gostamos. Vamos procurar o Apart Austral. É neste mesmo que vamos ficar. Começa tudo de novo: vai para o carro, tira as malas, as mochilas, a sacola de comida e água, traz para dentro do hotel, sobe escada e estamos no quarto. Ufffa!! Bem. Já lavei as cuecas, as meias, as calcinhas e os sutiãs. Estão secando no banheiro. Tão quente aqui dentro, por causa do aquecedor, estou tomando até mais água, por conta disto. Lá fora: 4ºC. Já falei com a mãe. Ela avisou que amanhã estará em Curitiba, porque na 2ª-feira, o pai tem médico. Agora vamos descansar.
Não deixamos o João dormir. Tentei enviar um e-mail para a Alba, com fotos, mas não consegui. Aí o João viu que eu estava me batendo, e falou para mandar um e-mail para o Almir, dizendo que, se a Marina tiver Orkut, para procurar João Weege e ver as fotos lá. Aí a Mehl falou pro João que a máquina fotográfica dela não estava carregando, o João foi ver e pelo jeito foi pro espaço mesmo. Parece que queimou só o carregador, mas sem o carregador não vale a máquina. Foi uma “emburração” só. Começou a choramingar que a mãe e o pai iriam brigar com ela; que não era pra ela nem ter trazido a máquina, porque a mãe não queria deixar, porque ela ia estragar... e por aí afora, foi. E eu e o João tentando falar pra ela que nós íamos ver outra máquina, quando voltasse pelo Chuy. Que era pra ela curtir a viagem e não se preocupar com a máquina. Mas não teve jeito.
Là pelas 17h00, nós saímos e fomos passear. Fomos ver a Catedral de Rio Gallegos, tiramos foto do Classe A em frente a ela, igual à foto que tem no Guia O Viajante Argentina. Vimos a Plaza San Martin, passamos em frente ao Cassino, e só não pudemos entrar porque a Mehl é de menor. Daí, voltamos ao hotel, mas antes de entrar, vimos uma loja de calçados. O João comprou um botinão pra ele. Uma Caterppilar (sei lá se é assim que escreve). A Mehl ficou se enrolando, não gostou de nenhuma bota; quando viu uma que agradou, o vendedor ficou um tempão procurando o outro par, lá dentro e não achou. Pediu pra gente voltar amanhã, que até amanhã ele achava. Só que amanhã, vamos sair bem cedo. São 18:18 agora. O João estava na internet e como não está funcionando mais, já ficou irritado e disse que vai dormir até a hora de irmos jantar, às 20h00.
Não conseguimos descansar muito. Saímos às 19h50 e fomos jantar. A hora que abrimos a porta do hotel... Meu!!! Isto é que é frio!!! Nem sei quanto graus estava, mas era muiiito frio. E vento. Fomos ao restaurante indicado pelo recepcionista do hotel, o La Rocca. O João pediu uma sopa e um suco de laranja; a Mehl pediu sopa e coca-cola e eu pedi escalope e água. O João comeu e não estava se sentindo bem, nem comeu direito e só tomou metade do suco; eu acho que o suco de laranja não fez bem. A Mehl tomou a sopa e comeu ¼ do escalope, e ainda rapou o restante do suco do João. Viemos embora com o João passando mal, mesmo. Vamos tentar dormir e ver como ele levanta pela manhã.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

8º DIA – 11/07/2008 – 07h30 – SAÍDA – PUERTO MADRYN - 6ª FEIRA

Hodômetro: 46.646 km.
Puerto Madryn: El Gualicho Hostel
Caleta Olívia: El Hueso Perdidos
Quilometragem feita de Puerto Madryn a Caleta Olivia: 47.174 - 46.646 = 528 km

De Curitiba a Caleta Olivia: 47.174 - 42.919 = 4.255 km

Acordamos às 04h30, porque o João não estava se sentido muito. Eu aproveitei, depois, e fui para o banho, lavar o cabelo. Está muiito frio! Brrrrrrr! Arrumamos o carro e voltamos para o quarto para pegar a Mehl e tomar café. Saímos da pousada às 07h30, passamos no posto para abastecer. O carro fez 10,83 km/l. Passamos a rotatória às 07h45min ainda está noite, noite mesmo. Lá fora: 6,5º, 6º e caindo.
Às 08h15min entramos em Trelew. Mais um baile para sair da cidade. Eles colocam placas de sinalização para s moradores e não para quem vem de fora. Aquele problema: tem várias rotatórias e as placas ficam adiante, onde você já passou da onde queria ir. E numa placa tem a cidade que você quer, na outra não diz mais nada. Ficamos rodando na rotatória como uns tontos. Ufa! Conseguimos ler todas as placas e ir para o lado certo. Saímos da cidade às 08h30. Vamos parar em Uzcudum (isso é nome de cidade que se apresente?). Em Trelew estava 2,5º. Agora, quinze minutos depois, está esquentando um pouco: 5,5º. Agora que está amanhecendo.
São 08h43min e a temperatura está variando entre 05º e 3,5º.
Só agora consegui escrever, nem sei que horas são. Estou dirigindo há 295 km. Passamos por Comodoro Rivadávia, mais ou menos às 12h00. Para ir a Caleta Olívia tem que passar no meio da cidade de Comodoro Rivadávia. Apesar de eu estar no volante, deu para ver que parece ser uma cidade bacana. A estrada estava escorregadia, parecia que tinha sabão. Pra variar, com essas placas que eles colocam depois que a gente já passou da entrada, tivemos que voltar para achar o caminho. Agora estamos abastecendo num posto da entrada de Caleta Olívia. Não pudemos ir ao banheiro; está fechado por falta de água. O jeito é segurar até achar o hotel ou um restaurante. O carro fez 11 km/l.
Já falei que as placas de trânsito são uma piada? Acho que está se tornando repetitivo, mas tenho que escrever isso para não esquecer. A placa que significa “Sentido Proibido” (lá no Brasil seria uma seta para cima com uma faixa enviesada cortando esta seta), aqui é... não sei descrever, só sei que no Brasil significa alfândega. Isso mesmo!! A gente via aquela placa e achava que tinha uma alfândega adiante. A gente descobriu que não era alfândega, quando começamos a ver muitas placas dessas espalhadas pela cidade e os carros dando sinal de luz para nós, ou buzinando. Ah!!! Até parece que o povo aqui é português. Tão mais fácil uma seta cortada significar contramão, do que uma com sei-lá-o-quê no meio!!! Depois de rodar bastante, procurando um hotel, nessas alturas servia qualquer um (fomos em um e não tinha vaga: a moça recomendou um mais adiante; eram cabanas, mas também não tinha vaga). Até parece que esta é uma cidade muiiiito interessante. Não é turística, mas é pólo industrial, também. Tem muitas empresas aqui. Também, que idéia nossa, reservamos hotel até Puerto Madryn só, depois achamos que não precisava mais reservar. Rodamos mais um pouco até acharmos um que tinha na minha lista (El Hueso Perdidos), o segundo. O primeiro acho que não existe mais (Hotel Robert), até tinha propaganda, mas como não tem nome de rua nesta cidade, não achamos. O que achamos foi o segundo que, caraca!!! Que hotel é esse? Estou me sentindo numa daquelas cidadezinhas do México, que a gente vê em filmes. Hotel super-mega-hiper-ultra suspeito. Bem, chegamos à “esse” hotel, mais ou menos às 13:45. Como estávamos cansados, com fome, muiita vontade de fazer “pipi” e sem paciência de rodar esta cidade perdida, ficamos neste mesmo. Fomos ver o “quarto”. Bem, pra chegar no quarto tinha que passar num labirinto, primeiro. Parece que o hotel foi construído aos pedaços. Enfim, vimos o quarto, visitamos o banheiro e descemos para almoçar. Tem um “restaurante” anexo ao hotel. O que deu para pedir, não sem um certo receio, era purê de “papas” (batatas), “ensalada” mista (tomate e cebola) e milanesa de ternera (bife à milanesa). O João ainda não está muito bom da gripe nem do estômago; comeu só um pouco de purê de batata e salada. Eu e a Mehl comemos ressabiadas. Agora estamos no quarto, são 14:29, e só agora trouxemos as malas. Vamos descansar, não tem nada pra ver na cidade, nem bonita é (e com certeza iríamos nos perder de novo, melhor ficar no quarto). Bom, pelo menos tem tv no quarto. E nos deram umas toalhas, também, muito suspeitas. Descansamos um pouco. Levantamos mais ou menos às 17h00. João foi aplicar um spray nos pneus do carro, para não derrapar. Feito isto, fomos até um supermercado, pertinho do hotel, para comprar água, bolacha água e sal, galetitas (uma delícia), achocolatado pronto e gatorade. Esta vai ser nossa janta. Eu não me arrisco a jantar no restaurante, e ninguém tem vontade de sair para ver outro restaurante (se é que tem algum que valha a pena). O João está baixando as fotos no notebook e eu e a Mehl estamos vendo tv. Já fizemos lanche. Bendita chaleira elétrica!! Fiz um chá para o João, que tomou com bolacha, e eu e a Mehl tomamos o achocolatado (a Mehl falou que era horrível; eu tomei e nem é tão horrível assim). Às 20h00 o João perguntou se estava bom levantar às 06h00; prontamente a Mehl respondeu que preferia levantar as 05h00 para dar o fora daqui rápido. É, num hotel que não preenchemos ficha nenhuma... Parece hotel de refugiado. São 20h15min, e já estamos prontos para dormir.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

7º DIA – 10/07/2008 – 08:26 – SAÍDA – BAHIA BLANCA - 5ª FEIRA

Hodômetro: 45.912 km.
Bahia Blanca: Hotel Austral
Puerto Madryn: El Gualicho Hostel
Quilometragem feita de Bahia Blanca: 46.646 - 45.912 = 734 km

De Curitiba a Puerto Madryn: 46.646 - 42.919 = 3.727 km

Levantamos às 06h00 e tomamos banho. Às 07h00 descemos para tomar café. Subimos, terminamos de arrumar as malas, escovamos os dentes e vamos sair rumo à Ruta 3 – Puerto Madryn. Pedimos o carro e levou um tempão até eles buscarem o carro. Abastecemos, compramos água (nunca tomei tanta água na minha vida, é por causa da calefação), lenço de papel e agora o João vai calibrar os “neumáticos” (pneus). Ele fez os cálculos e o carro fez 10,45km/l. Depois de calibrar, vamos partir. São 8:26, agora vamos.
Às 08h50 passamos por uma inspeção zoofitossanitária, para ver se não estamos levando animais, carnes, queijos, frutas ou verduras e pagamos um pedágio de $2,50. Às 08:58 pegamos a Ruta 3 para Viedma. A vegetação aqui é diferente, parece uma mistura de deserto com vegetação de praia. Em alguns lugares tem areia de praia, em outras é terra (parece um barro branco). E lá fora, 10º.
Passamos um susto desde a saída de Buenos Aires até hoje, em Bahia Blanca. Quando nós saímos de Buenos Aires, li no Guia O Viajante que a aduana Argentina tinha que nos dar um papel, que é o documento de entrada no país. Acontece que não nos deram papel nenhum, apenas conferiam os passaportes, os documentos do carro e mandaram ir embora. Nós estávamos preocupados: como ia ser para sair da Argentina e entrar no Chile? Daí ontem à noite, o João resolveu ver os carimbos nos passaportes. Ele viu três carimbos, dois ele conseguir identificar: eram do Uruguai e um ele não sabia de onde era, não dava para ler. Ele achou que era do Uruguai, também. Isso foi visto quando estávamos no bar do hotel. Hoje de manhã eu fui ver no meu. Também tinha três carimbos: dois identificáveis e um, não. Aí resolvi dar uma olhada no passaporte da Mehl. O carimbo que não dava para identificar no nosso, no dela estava legível e era a entrada para a Argentina. Uffa!! Que alívio!! Os argentinos carimbaram na aduana Argentina, ainda no Uruguai, antes de pegarmos a balsa. Mas com aquela correria, por causa do horário, nem vimos que era a imigração Argentina. Tendo o carimbo no passaporte, não precisa do “bendito” papel, só se nós estivéssemos com a identidade, e sem passaporte. Agora estamos mais tranqüilos. Eu dizia pro João: “Nós vamos até onde der. Acho que quando estivermos bem no sul, eles vão ficar com pena de nós e nos deixar passar, como quem diz ‘já que chegaram até aqui...’” Ah! Esqueci de falar. Ontem foi feriado na Argentina – 09/07. Por isso as lojas estavam fechadas. Não sei o que significa esta data na Argentina, mas vou procurar saber.
(Mais tarde, ainda na viagem, descobrimos que em 09/07/1816 a Argentina proclamou sua independencia da Espanha).
Na maioria dos estabelecimentos, casas, prédios do governo, tinha uma bandeira hasteada, ou nas janelas.
Estamos vendo bolas de feno cruzarem a frente do carro. Parece o Velho Oeste. Às 11:06 passamos por Carmen de Patagones. Estamos a 3 km de Viedma. Paramos para tirar foto de uma ponte bonita. Entramos em Viedma, paramos no posto e abastecemos. Pra variar, perdemo-nos ao sair da cidade, demos algumas voltas, até achar a Rota 3 novamente, agora para San Antonio Oeste. Entramos numa estradinha de asfalto e logo se transformou em rípio. Chegamos num órgão do governo, algo parecido com o Ibama, para obter informação, mas quem disse que apareceu alguém? Saímos e voltamos. Ô cidade sem placa nenhuma! Vimos um carro parado em frente a uma escola rural e perguntamos pro motorista. Ele nos deu uma indicação, que seguimos. O que ele falou, por enquanto, faz sentido. Pegamos uma estrada, um trecho era asfalto, um trecho era rípio e outro trecho de asfalto. Fomos seguindo, e nos perguntando se era aquela estrada mesmo, mas continuamos. Bem mais adiante, encontramos um tratorista; perguntamos e ele falou para seguir e depois virar à direita: e mais ou menos 45 km adiante pegar à esquerda para San Antonio Oeste. A estrada de onde saímos era um dos vários “caminhos” que davam na Rota 3 (todos esses caminhos eram numerados, mas o nosso não sei que nº era). Bem, estamos na Ruta 3.
Chegamos a San Antonio Oeste às 13h30, compramos salgadinho e chocolate no posto Shell. Jão não quis abastecer neste posto. Mais adiante encontramos um YPF. O João mesmo abasteceu, direitinho, pois não tinha frentista. Pagamos e fomos embora. Quase pegamos a rota errada, de novo. Mas desta vez não andamos muito, logo pegamos a Rota 3. É engraçado, que nas rotatórias, as placas indicativas das cidades ficam depois que você passa pela rotatória, aí se você errar o caminho tem que fazer a volta adiante da rotatória. É uma confusão. Ô povo sem noção! Passamos por outro posto de controle da aftosa. Tudo certo. Vamos em frente. Rumo a Purto Madryn. Como esta estrada é compriiiiiiida! De repente a gente se vê em cima de um morrinho e vê aquela fita de estrada indo láááá longe, no horizonte. Diz o João que faltam cinco minutos para Sierra Grande. Em toda a extensão do acostamento tem tiras de pneus. Como estoura pneu de caminhão! Passamos por Sierra Grande às 14:35. E a temperatura: 8,5º. Esqueci de dizer que dirigi 129 km, hoje. Dos 45 km do entrocamento para pegar à esquerda para San Antonio Oeste até San Antonio Oeste, propriamente dita. E o João só dormindo, enquanto eu dirijo. O pior é que quando ele dirige, o som está bom de ouvir, a música é boa e dá pra ouvir bem. Quando sou eu quem está dirigindo, ele coloca umas músicas ruins e o som bem baixinho, que não dá nem pra acompanhar.
(Eu não coloco músicas ruins. Simplismente porque estou dormindo, não faço a seleção das mesmas. E como quero dormir, vou aumentar o volume porque???)
Mais uma parada para controle da aftosa. Depois de revistado o carro para ver se levamos carne, frango, queijo, etc, mandam a gente seguir. Chegamos a Puerto Madryn, mais ou menos, às 16h00. Tiramos foto do mirante, na entrada da cidade, que fica lá embaixo. Ao hotel, chegamos às 16h10. Esta cidadezinha também é muito boa para morar, fácil de andar. Estamos no quarto. Deu uma canseira danada subir com as malas. Daqui a pouco vamos sair. Fomos pedir informações de onde ir, pro rapaz da recepção, o Alexandro. Ele nos falou do Museu do Desembarco. Mais ou menos uns 40 minutos a pé. Rapaz! Nós corajosos fomos. E provamos que o coração está bom, mas as pernas, não. Quase morremos de cansaço! Fora o vento: de congelar fogo. Chegando lá, visitamos o museu, muito interessante a vinda dos galeses para a América do Sul. Vimos a história do líder deles, Edwin, que estava cavando um poço junto com os conterrâneos, e os mesmos o deixaram no fundo do poço, que já tinha oito metros de profundidade, talvez por inveja, raiva, sei lá. Um mestiço, não se sabe se por medo ou por gostar do tal do Edwin, conseguiu tirá-lo de lá depois de trinta horas. No sítio histórico, perto do museu, vimos, também, as primeiras casas, que foram escavadas na rocha, bem na beira da praia, como cavernas. Depois de ter visto a história, vimos também uma capela e a estátua de São Francisco de Paula. Descemos de novo e fizemos todo o caminho de volta. Mais 40 minutos andando. Quase perto da pousada, umas cinco quadras, ainda na avenida beira-mar, jantamos no Restaurante La Barra: nhoque quatro queijos. Deu pra descansar, matar a fome e se esquentar.
(Confesso que o shot de tequila e a garrafa de vinho ajudaram bastante)
Chegamos à pousada às 20h00. Ah! Uma falta de sorte a nossa: não tinha água na pousada. Vamos dormir sem água... e sem banho.