sábado, 20 de dezembro de 2008

10º DIA - 12/07/2008 - 10H20 - SAÍDA - RIO GALLEGOS - DOMINGO

Hodômetro: 47.901km.
Rio Gallegos: Austral Apart Hotel
Rio Grande: Federico Ibarra Hotel
Quilometragem feita de Rio Gallegos a Rio Grande: 48.273 - 47.901 = 372 km

De Curitiba a Rio Grande: 48.273 - 42.919 = 5.354 km

Íamos levantar às 06h00, mas o João passou mal noite inteira. Aconteceu uma coisa estranha, não pra mim, mas pra quem não acredita em Deus. Mais uma vez Ele me deu provas que existe. Estou preocupada com o João, porque não sei o que fazer. Acheo que, talvez, tenha que levá-lo a um hospital. Aí, sabe como é, ne? Nessas horas, também, a gente lembra Dele. Mas eu rezo todas as noites, e resolvi apelar. Pedi pro Papai do Céu me dar uma luz, me ajudar, a quem eu podia recorrer se o João piorasse. Pois não é que eu tive um sonho? No sonho, eu pedia pro Jose me dar o telefone do Roberto (padrinho do Kinn), que é gastro!!! Tá vendo como Ele tem resposta pra tudo? Eu nunca iria me lembrar do Roberto, sozinha. Se a coisa ficasse mais feia, era isso mesmo que ia fazer. Quando acordei, falei pro João, então ele pediu pra esperar um pouco, ver como ele reagiria. Achamos melhor ficar mais um dia aqui e ver como o João passa o dia e procurar um hospital, ou ligar para o Roberto. Mas o João colocou o celular para despertar às 07h00 e ver como levantava. Às 07h00, como íamos ficar na cidade mais um dia, ele achou melhor dormir mais um pouco. Levantei às 08h00, está escuro como breu, ainda. Lavei o cabelo, chamei a Mehl, também, para lavar o cabelo. Nesse meio tempo, o João levantou, falou que estava se sentindo um pouco melhor. Disse que ia tomar banho e, talvez, depois do café, dependendo de como ele estivesse se sentindo, a gente continuaria a viagem, saindo daqui ao meio-dia. São 08h54min e nada de clarear. Este quarto está um forno, tanto que eu e a Mehl nem colocamos a roupa toda, ainda.
Descemos, tomamos café, voltamos para o quarto e o João acha que dá para seguir viagem. Às 10h20, está 1ºC, lá fora. O carro está congelado. Passamos no posto, pois a água que espirra no pára-brisa não passa nos furinhos porque congelou nos dutos, e abastecemos. Saímos do posto e o João parou, mais adiante, para aplicar spray nos pneus, pois o asfalto está com uma fina camada de gelo. Vamos sair para ir até Rio Grande. Ele me chamou para passar o spray no restante dos pneus, a mão dele estava congelando. Passamos por um posto policial de controle, eles nos pararam, pedindo a carteira de motorista do João, o passaporte e o documento do carro. Depois, desejaram-nos boa viagem. Só depois de 30 km rodados o João se lembrou de zerar o hodômetro parcial. (Acho que congelou o cérebro dele).
Desde Buenos Aires não usávamos óculos de sol. Todos os dias eram nublados. Estreei o meu só agora.
Pela primeira vez vejo o João dirigir a 80 km/h, por um bom tempo, pelo menos uns 40 minutos, dirigindo nesta velocidade, por causa do gelo.
Uau!! Passamos pela aduana argentina. Descemos do carro, viram os documentos, nos mandaram embora. Quando estávamos lá fora, vieram dois policiais, mandando a gente entrar. Nós só tínhamos passado pela aduana, que é do carro, e não pela imigração, que é de pessoas. Na do carro, o fiscal falou que não precisávamos preencher nada, por causa do MERCOSUL. No final, deu tudo certo. Andamos mais um pouco de carro. Agora é a aduana chilena. Entra de novo, vê documentos, preenche formulários. Graças a Deus, deu tudo certo! Como é difícil fazer uma viagem de turismo, se tem menor no meio. A gente se cerca de todos os cuidados, com documentação e, mesmo assim, a gente fica se perguntando se não vai faltar nada. Na aduana chilena, achei o chocolate que o Maestri falou (SUNHI-NUSS), mas não compramos. Deixamos para comprar em outro lugar.
Agora vamos rumo à Rio Grande. São 12h15min. O carro ficou tanto tempo parado no sol, na aduana do Chile, que desentupiu os buraquinhos de espirrar água.
Chegamos ao Ferry Primeira Angostura. Faltam 15 minutos para o Ferry sair. Vamos atravessar o Estreito de Magalhães. Chegamos às 13h00. Fui comprar chocolate numa birosca. O chocolate que eu queria (o do Maestri), não tinha, devia ter comprado na aduana. E o trabalho que deu para conversar com a mulherzinha? Aí veio um entrão que queria falar inglês, aí complicou tudo, pois era uma mistura de inglês e espanhol que ninguém entendia nada. Resolvi falar só com a mulherzinha e, enquanto isso, pedi para a Mehl chamar o João, que tinha ficado lá fora. A mulher dizia que não podia trocar em dólar, nem em peso chileno, só peso argentino. Eu não sabia se o João queria que trocasse em dólar ou não, por isso pedi para a Mehl ir chamá-lo. Ele preferia em peso argentino, mesmo. Depois de tudo feito, entramos no ferry e estamos seguindo a Cerro Sombrero, depois San Sebastian. Às 13h45min, aportamos na Terra do Fogo. Agora vamos à Cerro Sombrero para abastecer. São 14h15min, e paramos em Cerro Sombrero, mas não abastecemos, só "desabastecemos". Não dá para escrever agora, está saindo tudo tremido, depois eu explico.
Agora, sim. Não deu para escrever porque a estrada é horrível. Era de rípio, mas como nevou está uma "nheca" só. Ainda por cima, passa caminhão (muitos caminhões) e faz um carreiro de cada lado da roda e fica um morro no meio, é uma angústia passar. Por duas vezes, quase ficamos atolados; ainda bem que o motorista é bom. Quero ver na volta. Às 16:15, paramos na aduana chilena. Gente, o que é isso? Que horror são as aduanas aqui. É uma lama só. A gente desce do carro e parece que está entrando num chiqueiro. Vocês não têm idéia, dá até medo de sair do carro. A roupa fica toda respingada de lama. Tem que ter bota e de sola grossa. Os policiais perguntaram se a Mehl era "uruguainha". Falamos que não e mostramos o passaporte. Eles insistiram em pergunta, aí é que nos lembramos que o passaporte do Uruguai também é azul, por isso a pergunta, então mostramos que era brasileiro. Pediram a autorização dos pais. Olharam e não achavam o nome da Sônia e do Jose. Vieram perguntar e nem eu achava! Mas aceitaram (devem ter achado o nome dos pais, senão não teriam deixado passar). Deu tudo certo, de novo, ainda bem. Já pensou viajar 5.000km e ter que voltar?
Às 16h45min paramos na aduana argentina. Na imigração deu tudo certo. Quando chegou a hora de ver a documentação do carro, pediram um formulário, que era para ter sido preenchido quando saímos da Argentina, no continente. Falamos que o fiscal tinha falado que não precisava, que era "Mercosur" (Mercosul, em bom português, a pronúncia deles é uma piada, o som do "l" tem que ser mais longo, mas eles pronunciam como se fosse um "r"). Lá fomos nós preencher o tal formulário para regularizar a situação do carro. O fiscal argentino é que ficou com preguiça de preencher o tal formulário.
Estamos na estrada de novo. O carro está um nojo. Parece um porco enrolado na lama. São 17:02 e estamos seguindo para Rio Grande.
Chegamos em Rio Grande às 17h30, mais ou menos. Abastecemos. O carro fez 11km/l. Até que não nos batemos para achar um hotel. Um frentista nos indicou o Federico Ibarra Hotel. Estamos nele agora, no quarto 117, um "baita" quarto com quatro camas. Subimos com as malas e descemos para comer alguma coisa. Mas é muito engraçado. Quando a gente entra no hotel, e pede um quarto triplo, eles olham pra nós e dizem: "Temos, mas não tem com cama de casal, só camas separadas" com uma cara! Achando que não vamos aceitar. Acho que eles não entendem nada quando a gente responde, sorrindo, que não problema, que é até melhor. Até agora, na maioria dos hotéis, foi assim.
Fomos fazer lanche no EPA-BAR (isso lembrou o João da EPA – escola de aviação). Pedimos misto-quente (eu e a Mehl), capuccino (eu), suco de laranja (Mehl) e o João queria purê de batatas, chá digestivo e torradas. O palhacinho do garçon estava se fazendo de bobo, desentendido. O João falava com ele e ele fazia cara de paisagem. Aí ele veio falar que não tinha batata para o purê. O João pediu, então, manteiga para passar nas torradas. Fez cara de bobo de novo. Até pensamos que ele não ia trazer mais nada, pois saiu sem falar nada e demorou para voltar. Estávamos com vontade de levantar e ir embora, mas daí íamos ficar sem comer. Então ele apareceu com o suco e o capuccino. O João perguntou de novo se tinha manteiga. Aí ele falou que tinha, mas saiu e demorou de novo. Achamos que tinha esquecido de novo. Aí ele veio com com o restante do pedido. Nosso humor já tinha ido embora faz tempo. Lanchamos e fomos dar uma volta na quadra. Pelo pouco que a gente viu, é uma cidade grandinha e carinha. Voltamos para o hotel e nos acomodamos. Eu fui tentar limpar as barras das calças, as botas e lavei a toalhinha do carro. Deixei a barra da minha calça e a toalhinha secando na calefação que fica embaixo da porta do armário. Antes de dormir eu tiro de lá, porque do jeito que está quente, logo seca. São 20:02, todo mundo de dente escovado e cama.


* O PRÓXIMO POST SERÁ EXCLUSIVOS COM FOTOS DESTE TRECHO DA VIAGEM, QUE FOI O MAIS TENSO DA VIAGEM, DEVIDO AO RÍPIO, ENCHARCADO POR NEVE DERRETIDA. *

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